O evento realizado ontem em Upanema, em recepção ao
candidato Henrique Alves e sua comitiva, merece uma análise profunda de nossa
parte, mesmo que no final você não goste do que vou escrever, mas, é importante
para mim!
Para começar, queria fazer uma analogia entre uma passagem
bíblica, com o que aconteceu ontem aqui em nossa cidade. No livro bíblico de
Mateus 6:24, está escrito: "Ninguém pode servir a dois senhores; pois
odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro...”
O candidato Henrique Alves ao vir ontem a Upanema mostrou
que iria tentar derrubar essa verdade bíblica. Em suas atitudes, em seu
discurso, Henrique tentou agradar a bicudos e bacuraus, senhores dos votos em
nossa cidade. Vivemos em um município pequeno em que a rivalidade política é
presente de forma explícita. É bem verdade que conseguiu convencer alguns. De
um lado os bicudos (que alguns ex-bacuraus não gostam de ser chamados dessa
forma), adversários históricos do PMDB, do verde de Henrique, do 15, que até
ontem, ou antes de ontem, não engoliam a vez que ele mandou os bicudos tomar
veneno. Do outro os bacuraus, aliados de primeira hora, que estão insatisfeitos
com a falta de apoio ao grupo que votou em Manezinho na última eleição e não
concordam com a aliança com o prefeito atual. Essas divergências sempre
existiram e continuarão por alguns anos ainda. Não é exclusividade de Upanema,
é bom deixar claro. Também acho que isso é prejudicial ao município em vários
momentos de sua história, mas vamos deixar pra outro momento esse tema. O
importante, o que eu quero dizer, é que a união desses dois senhores do voto é
impossível nesse momento. Claro que toda regra tem exceção, mas o contexto de
hoje mostra-nos essa realidade. São grupos distintos, lados opostos, feridos
por anos e, não será Henrique “O messias” milagroso que irá
cicatrizar essas feridas com simples palavras.
O evento de ontem teve nos bastidores, jogadas que você só
fica sabendo aqui. A primeira foi a tomada de frente da organização do evento,
por parte do grupo do prefeito. O coordenador regional da campanha disse ao grupo do
PMDB que uma comissão iria ser montada para organizar o evento. Essa comissão seria
composta por membros dos dois grupos rivais. Mas, o grupo de prefeito se fez de
lesado e anunciou local, horário e programação sem combinar com o grupo de
oposição, querendo mostrar claramente que quem comandava o evento eram eles. A oposição
contra-atacou com a recepção a Henrique na Fazenda Poré, tradicional reduto bacurau.
Por aí vocês tiram como o clima está aqui em Upanema. Aliás,
o blog do Anax vem mostrando isso com matérias faz tempo. Não invento nem
minto, posso errar, mas errar é humano. O que trago aqui é o que escuto nas
ruas. Foi dessa forma que tracei o que aconteceu ontem, segundo minhas fontes e
diante de dados como discursos e conversas de bastidores. Então, diante do que
escutamos, ontem o público presente não foi animador. Se não fossem os
acompanhantes de outras cidades, o pessoal das bandeiras, teria sido um fiasco.
Mas, não foi!
1º SENHOR
Como já disse, Henrique sabia da insatisfação do bacurau com
essa história de Luiz Jairo no mesmo palanque que o líder do PMDB no estado. Então,
Henrique tentou agradar ao grupo, recebendo o mesmo, primeiro e de forma
privilegiada. Um grupo expressivo de bacuraus (nada de multidão nem grande
público, mas expressivo) ouviu o discurso direto e objetivo do candidato. Em outras
palavras Henrique disse que é nascido e criado no PMDB e que, sendo
governador, o bacurau é quem vai ter vez (tá mentindo esse rapaz?). “Sou
bacurau, sou do verde e vocês estão no meu coração. Não vou deixar minhas
raízes. O Rio Grande do Norte vai ter um governador bacurau como vocês”, disse.
Foi o suficiente para os presentes terem a certeza de que vale apena agüentar Luiz
Jairo em cima de um palanque e depois ser “escanteado”.
Henrique conseguiu sua primeira missão?
Agradou ao primeiro senhor? Parece que sim, pois o sentimento de quem tava lá
era de euforia e alegria. Henrique disse o que os que estavam presentes queriam
ouvir.
2º SENHOR
O outro senhor tinha que ter afago, tinha que escutar o que
queria escutar e, escutou. Henrique, com 600 anos de política não iria subir
num palanque com um prefeito que lhe apoia para criticar o mesmo ou elogiar
seus adversários. Quem foi para o comício pensando em ouvir alguma coisa
diferente de elogio a Luiz Jairo, tá precisando se consultar com Dr. Salomão.
Henrique
disse o que os bicudos queriam ouvir: que estava admirado com o discurso de
Luiz Jairo. Que vai ajudar ele quando for governador. Que era o candidato do
verde, do vermelho e do azul. Disse a João Maia que há um ano e meio estava DO
OUTRO LADO e que Luiz Jairo deu uma lapada nele e nos bacuraus. Pronto, foi o
suficiente para os bicudos que estão mamando nas tetinhas da PMU se alegrarem. Agradou
o outro senhor!
Mas, seria Henrique capaz de destruir uma verdade bíblica?
Claro que não meus irmãos, quer dizer, meus amigos.
Pelo lado dos bacuraus, a declaração de uma pessoa que
mandou os bicudos tomar veneno a menos de um ano e agora fica tirando onda com
a conversa de lapada, não é um candidato que respeita o grupo. A insatisfação
com os elogios a Luiz Jairo também foi grande e serviu para muitos confirmarem
o desejo de não votar em Henrique. Também serviu para muitos aproveitarem o momento e passarem o recado aos dirigentes locais do PMDB que ou se renova ou acaba. “Agora eu criei nojo mesmo. Ele podia vir
aqui falar das emendas dele, que trouxe isso, trouxe aquilo, mas elogiar Luiz Jairo,
basta”, disse um bacurau.
Pelo lado dos bicudos, o gesto de atender primeiro os
bacuraus e dar um “chá de arquibancada nos bicudos” que esperavam desde as
quatro da tarde até as oito e quarenta e cinco, na Praça de Eventos, serviu
para deixar o grupo do prefeito fumaçando. O sentimento de que vão votar em
Henrique, mas sabendo que o futuro não será azul estava estampado no rosto. O bicudo,
bicudo mesmo, teve a certeza de que votar em Henrique é votar nos bacuraus e que essa pode ser mais uma péssima jogada do prefeito, que já demonstrou que escolher candidatos estaduais não é o seu forte. Votar em Henrique é dar
vez ao adversário, que não vai abrir mão de quem sempre lhe apoiou para apoiar
Luiz Jairo que muda mais de partido que seu candidato a deputado. “Taí bando de
besta, vão votar nele! Ele dar vez a Dorian, que é da cozinha dele. Vai dar vez
a nós? Nunca!”, disse um bicudo indignado.
Então meus amigos, o cenário em Upanema hoje é esse. O mesmo
que o blog do Anax tem dito há muito tempo. Tanto de um lado, quanto do outro,
existe sérias restrições para votar em Henrique. É claro que ele vai ter muito
voto, em virtude dos dois grupos polarizarem os votos locais, mas aumenta todo
dia a quantidade de insatisfeitos com as decisões do prefeito e do grupo de
oposição. A vinda de Henrique só piorou o quadro.
Os votos brancos e nulos eram uma crescente, mas o grupo que apoia Robinson e Fátima, resolveu se
aproveitar da situação de total insatisfação com o cenário político local e tentar captar os votos desse povo. Hoje, pela primeira
vez já veio um carro de som para rodar com as músicas de Robinson e Fátima. Lideranças
e eleitores também tomaram uma dose de ânimo e começa o boca a boca de vamos
votar em Robinson e Fátima. Aí já sabe, quando o povo quer...