Torna-se um desafio para os próximos gestores, dar continuidade ao trabalho já implantado pelo prefeito Jorge Luiz. É preciso avançar, como dizia uma música da campanha da candidata Maristela. Para isso, serão necessários vários fatores, inclusive externos, como a boa fase financeira em que viveu a economia mundial nos últimos 8 anos. Vale ressaltar também como fatores externos, o clima. Ou seja, não termos grandes secas, nem grandes enchentes. Tudo isso, pesa em uma administração e, pelo que vimos Jorge teve muita sorte nesses quesitos. No processo administração interna, uma boa equipe de auxiliares também será fundamental para solucionar problemas e apontar novos caminhos para o crescimento do município.
No contexto político, Jorge Luiz foi muito criticado pelos aliados, devido a falta de “pulso”. Para alguns aliados do prefeito, a chibata deveria ter descido no espinhaço de muita gente nessa administração. Os mesmos que defendem essas ações ditatoriais esquecem as burradas cometidas por eles mesmos. O certo é que o prefeito mostrou-se sóbrio na maioria do tempo em que esteve à frente do executivo. Jorge portou-se com serenidade diante de críticas e em muitos momentos soube aproveitar o ensejo para reconhecer o erro e não cometê-lo outras vezes. Soube interpretar também o que é um amigo de um bajulador. Pensou na família e não em uma só pessoa, em vários momentos em que poderia prejudicar alguém. Por isso, acumulou vários críticos enrustidos no seu grupo. Por outro lado, essa tese de prefeito sem “pulso” não é corroborada pela oposição, que defende em seus discursos que Jorge seria perseguidor. Para eles, Jorge não dá chances aos adversários e quando tem oportunidade prejudica os mesmos. Faz política de apadrinhamento. No mesmo discurso, a oposição ainda afirma que Jorge obriga os correligionários a votar em seus candidatos através da ameaça de perda de cargos, gratificações, ou até mesmo na promessa de ser chamado em concurso e ser contemplado com casas populares. Como vemos, são dois pontos de vista diferentes para uma mesma pessoa, ou uma mesma administração.
Se analisarmos friamente, veremos que Jorge Luiz também foi o melhor articulador político que Upanema já viu. Talvez (opinião particular) administrar seja mais fácil que fazer política em Upanema. Todos nós – upanemenses- somos “mestres” em política. Todos conhecem os meandros e os bastidores do processo político local. Cada um sabe mais do que o outro. Então, é natural que haja opiniões divergentes no final. A fórmula que encontrei para achar que Jorge é a maior liderança política e o que sabe melhor conduzir o processo político local foi através dos números, aliados aos casos ocorridos durante sua vida política.
Com relação aos números, basta analisar os dados das últimas eleições e das pesquisas de opinião sobre quem é a maior liderança política local e veremos. Já em relação ao processo político, observamos que Jorge, viveu alguns momentos cruciais em sua carreira. O primeiro deles, talvez tenha sido a própria indicação para prefeito. Quem não se lembra, fica aqui o registro de que o processo foi muito conturbado, pois a grande liderança política do PMDB naquele momento era Antonio Targino. A indicação de Jorge para candidato a prefeito foi difícil. Sinceramente não vivi esse processo, mas pelo que me contaram, teve gente que dizia que a indicação de Jorge e não Antonio Targino para a cabeça da chapa, seria a mesma coisa que indicar um simples músico para dirigir uma orquestra, enquanto que o maestro seria seu auxiliar. Depois de muita discussão, chegou-se a um consenso. Depois disso poderíamos citar o mais clássico e difícil momento político da história desse prefeito. Falo da campanha para governador, onde Jorge mudou seu candidato do primeiro para o segundo turno. Foi talvez a mais difícil decisão política já tomada pelo prefeito. Uma decisão que foi tomada depois de muitos momentos, de várias reuniões, discussões etc. No final, Jorge saiu-se vencedor mais uma vez. Muitos criticaram a atitude do prefeito naquele momento, mas particularmente, acho que foi necessária a mudança, dentro do contexto político. Foi uma jogada para desarticular a oposição e tomar fôlego para próxima campanha municipal.
Sua reeleição era algo natural e não merece nem muitas palavras, pois foi mais fácil ganhar no voto que nos tribunais.
Outro momento de dificuldade na vida política de Jorge Luiz, foi a escolha do nome que iria sucedê-lo na prefeitura. A infinita maioria apostava no nome de Manezinho para prefeito. Mas, Jorge preferiu esperar até a última hora, ouvir as lideranças, consultar pesquisas de opinião e traduzir tudo isso para um processo acirrado de campanha. Como seria o discurso do adversário, como se portaria o seu candidato na campanha, quem representaria a continuidade da competência administrativa construída por ele em oito anos, quem teria carisma e pouca rejeição – fundamental numa campanha política. Maristela foi mais uma vez, uma jogada correta do tão criticado Jorge Luiz, acusado injustamente de não saber fazer política. Talvez, os que criticam Jorge pela condução dos processos políticos, devam passar uma temporada na oposição e conviver com a derrota para ver quem não sabe fazer política. Temos que reconhecer que mudar de candidato do primeiro para o segundo turno e ainda assim conseguir aumentar os votos da segunda opção é algo quase impossível. Reconheçamos também que nenhum outro líder municipal conseguiu aglutinar em uma mesma chapa PT, DEM e PSDB.
A fama de amarrado, brincalhão, trabalhador, pagador e cobrador, faz parte do perfil humano de Jorge Luiz. Uma pessoa que dificilmente guarda mágoas. Que ensina com seus atos, muitas lições para antigos líderes da política local. Muitas vezes, vi Jorge ter prazer em ouvir críticas. Em certos momentos, já vi gente ridicularizar e passar a mão na cara do mesmo. Ele só fazia ouvir... Quando a pessoa terminava, ele dizia: você tem razão – mesmo que a pessoa não tivesse razão – já vi várias vezes ele fazer isso. Era uma forma de iniciar um diálogo para não perder a amizade com aquela pessoa. Quando era na campanha, eu via aquela mesma pessoa, que no passado xingava o mesmo, gritando seu nome novamente. Poucos políticos têm a paciência e a humildade de Jorge Luiz. Foi Jorge também, quem instituiu o advento de visitar todas as casas dos eleitores em época de campanha. Uma vez perguntei a Jorge se ele não entrava na casa de alguém. Ele me respondeu que somente em uma casa, onde quando ele ia entrando, o dono da casa o alertou para não passar da calçada. “Mesmo assim pedi o voto a ele da calçada”, disse.
Foi essa figura ímpar que conduziu os nossos destinos durante os oito anos em que esteve à frente da prefeitura. É essa mesma figura que muitos incentivam a continuar sua caminhada política com a disputa da eleição para deputado. Independente do seu futuro, Jorge já fez história no presente e ficará para sempre na memória e no coração do povo de Upanema. Continue seguindo em frente prefeito Jorge Luiz.
Anaximandro Eudson
Anaximandro Eudson