RADIO SABORES DA SERRA

22 de outubro de 2008

"Ele é um trabalhador. Não é um marginal".

O caso Elóa pode ter sido um dos divisores de água para Polícia paulista, quiçá brasileira. Mas, além da Polícia, é bom que a imprensa e a sociedade repensem seu comportamento diante do fato ocorrido. Os erros cometidos pela Polícia, sem dúvida, foram influenciados pela ação da imprensa. A imagem que a apresentadora da RedeTV, Sônia Abrão, passou do marginal ao ser entrevistado ao vivo no seu sensacionalista programa, em nada tinha haver com o verdadeiro Lindemberg. Depois daquela entrevista, NÓS, passamos a acreditar que tudo poderia ser resolvido numa boa, pois o assassino tinha sido mostrado uma pessoa boa, que não batia em Elóa, que só estava fazendo aquilo por amor, que ia entregar a arma à namorada e se entregar, que era trabalhador etc. Depois desse perfil, que policial em sã consciência atiraria para matar um “anjo” desses?
Quando criticada por ter ligado para Lindemberg, alguns órgãos da imprensa tiveram o despautério de afirmar que a Polícia quem deveria ter desligado o telefone dele e que a imprensa (leia-se Sônia Abrão, a RedeTV e Record) estavam apenas cumprindo o seu papel. Desde quando dar notoriedade e enaltecer qualidades de bandido é papel da imprensa? Sônia Abrão só faltou chorar, com as palavras “doces” do rapaz apaixonado, que enganou ela e a sociedade brasileira, em cobertura nacional. Enquanto isso, o verdadeiro Lindemberg, batia, atirava, humilhava as reféns e desafiava a polícia.
Dessa vergonha, que foi a cobertura da imprensa nesse caso, só livro a Rede Globo. Os senhores (inclusive eu também) devem ter acompanhado de dia e de noite a cobertura através da Record e RedeTV, que abandonaram suas programações para transmitir ao vivo o caso. A senhora Globo, que é muito criticada, basicamente tratava o caso como outro crime qualquer, ou seja, dava destaque nos seus telejornais. A Record, no dia da invasão, gabava-se de ter sido a única TV a ter as imagens “exclusivas” da invasão. A dona Globo, sem alardes, sem sensacionalismo, esperou o domingo, no Fantástico para mostrar que estava lá para fazer a cobertura jornalística sem prejudicar o trabalho da Polícia. Ela não só tinha uma câmera em melhor posição do que a Record, mas também filmou o momento em que os policiais colocaram os explosivos plásticos na porta. Imaginem os senhores, se a Record, ou a @$%$#&& da Sônia Abrão, tivessem tido acesso a essas imagens no momento em que a polícia estava colocando os explosivos na porta do apartamento? Eu imagino: Atenção!!!!! A Polícia está colocando nesse momento os explosivos para arrombar a porta. A invasão do apartamento vai acontecer agora.
É evidente que não estou tirando a responsabilidade da Polícia e colocando a culpa na imprensa. O que estou dizendo é que precisamos também, rever o papel e o comportamento da imprensa e sociedade em casos como esses. Só isso! Reflexão.

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