RADIO SABORES DA SERRA

15 de setembro de 2009

Wilma e João Maia se desentendem em Patu

Nem só dos sorrisos mostrados em alguns "blogs" natalenses se fez o encontro que a governadora Wilma de Faria e o deputado federal João Maia, presidente regional do PR, mantiveram no último sábado, 12, em Patu, onde ela recebeu o título honorífico de cidadã local. Os dois travaram ali um diálogo fortemente áspero, que chegou a por em risco a sobrevivência da relação que se vinha estabelecendo entre a chefe do executivo estadual e a "Unidade Potiguar". Na tarde de ontem, na Assembléia Legislativa, havia quem dissesse que, em decorrência do atrito, deixaria de ser realizado nesta terça-feira, 15, hoje, em Brasília, o encontro que Wilma propôs entre os quatro deputados que compartilham o comando da "Unidade Popular", ela e o vice-governador Iberê Ferreira de Souza.

Fontes confiáveis que narraram o desentendimento ontem em Natal e em Patu disseram que Wilma tomou a iniciativa de mostrar bílis quando se encontrou com João Maia. Começou reclamando contra atitudes que João e o deputado estadual Robinson Faria, presidente da Assembléia Legislativa e do diretório regional do PMN, adotaram contra ela durante o encontro que haviam compartilhado na sexta-feira, com intermediação dos deputados federais Henrique Eduardo Alves, presidente regional do PMDB e líder desta agremiação na câmara federal. Em dado momento de uma conversa regada a uísque escocês, ela alterou a voz e chegou a colocar o dedo em riste, provocando a reação de João. Ele teria mandado que ela retirasse o dedo de perto de seu nariz, porque ainda não teria nascido o homem ou a mulher que fizesse isto impunemente, e desceu o malho no desempenho de Wilma, dizendo literalmente que o governo dela se havia acabado há muito tempo e desde então o que se tinha era o do vice-governador Iberê Ferreira de Souza, cuja força a seu ver não tem explicação.

Vilma disse que viu na criação da Unidade Potiguar uma tentativa de emparedá-la e garantiu que ninguém conseguirá isto, e entre outras ameaças terminou dizendo que ainda esta semana, em Brasília, conseguiria com o presidente Lula da Silva destituir João Maia da condição de relator do projeto de regulamentação do Pré-sal.

Este diálogo, que foi confirmado em Natal por diversos políticos, que a coluna deixa de nominar a pedidos, guardaria relação direta com atitudes que Wilma tomou durante o encontro da sexta-feira, quando ameaçou interceder junto a Lula para que Robinson perdesse o comando do PP no Rio Grande do Norte. Segundo fontes que conheceram a conversa de sexta-feira, a aspereza atingiu volume tão preocupante que em dado momento Henrique Eduardo, inventor da Unidade Popular, deixou de tentar intermediar o diálogo entre Wiljma e João Maia. Jornais natalenses corroboram esta informação dizendo que, daí por diante, quem assumiu a mediação foi o também deputado federal Fábio Faria, o filho de Robinson, em cuja residência seria realizado o encontro brasiliense desta terça-feira.

Analistas políticos com os quais conversei na noite passada sobre as duas desinteligências dizem que Wilma perdeu o controle da situação em relação a Robinson e João Maia e colocou a perder todos os esforços que Henrique Eduardo despendeu com o propósito de manter os dois junto a ela. A tese reafirma informação veiculada aqui há muito tempo, segundo a qual foi combinando previamente com Wilma que Henrique Eduardo procurou João Maia e Robinson, porque estes tendiam a se afastar do vilmismo como reação contra o prestígio e a concentração de poder que vinham bafejando Iberê ao ponto de um dos políticos mais ligados à Governadora, o deputado estadual Gustavo de Carvalho (PSB), declará-lo o candidato "in pectoris" dela à chefia do executivo estadual em 2.010.

Vários fatos posteriores à formação da Unidade Potiguar azedaram as relações entre Wilma e os dois deputados. Declarações que eles produziram logo em seguida à formação do bloco a levaram a advertir de imediato que não aceitaria emparedamento. No mesmo diapasão, Iberê sugeriu que o bloco seria uma tentativa de repetição do famigerado "acordão" que em 1.978 entregou o governo do Estado ao médico Lavoisier Maia Sobrinho, então marido de Wilma. Logo em seguida, Henrique Eduardo passou a dar demonstrações de que prestigiaria os dois deputados além da conta imaginada pela governadora. Fez isto quando intercedeu junto ao comando nacional do PP para evitar que no Estado a legenda fosse transferida da órbita de Robinson para as mãos do engenheiro, ex-senador e ex-ministro Fernando Bezerra, ainda hoje sem partido, e na semana passada, quando emplacou João Maia como um dos relatores do projeto do Pré-sal.

Estes fortalecimentos estariam conferindo a João e Robinson um cacife que ela não gostaria que eles tivessem na hora de todos se sentarem à mesa em que serão negociadas as coligações para 2.010.

FONTE: Nominuto.com (coluna de Roberto Guedes)

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