O advogado Lauro Maia rompeu o silêncio para falar à Tribuna do Norte sobre um assunto, no mínimo, desconfortável para os Faria-Maia: Operação Higia.
A tese da defesa é previsível. Negação da autoria do delito. Estratégia recorrente no cotidiano do Direito Penal. As entrelinhas, o não dito e alguns atos falhos nas palavras do advogado e réu da Operação Higia é que podem ser reveladores. Senão vejamos: Lauro Maia afirma que não era amigo de João Henrique Lins Bahia. “Nem amizade estreita eu tenho. A amizade era com minha mãe e o pessoal lá de casa…”. Num segundo momento, diz que a amizade é de trabalho, de partido. Ato falho? Talvez sim, ou não. Trabalho, partido = o que não está inteiro, rachado. Deixa pra lá.
Fato é que João Henrique jamais foi visto como cabeça pensante ou protagonista do esquema. Pelo contrário. O que dizem é que por amizade e fidelidade partidária João Henrique teria entrado de gaiato no navio. Nunca o contrário. Mas, adiante.
Ainda no terreno dos atos falhos, Lauro fala em várias oportunidades que a convivência com o não amigo João Henrique acontecia “lá na casa de mamãe.” Por coincidência, há desconfianças que parte da propina paga pelos empresários contratados pelo Governo do Estado tenha sido entregue no mesmo lugar, a casa de mamãe. Parece pueril, eu sei. Uma necessidade de referência familiar exagerada, comparável a angústia de Pinóquóio, que na ausência da mãe, mentia e se socorria do criador Gepetto.
A entrevista mostra, ainda, uma tentativa de politizar o desdobramento judicial. “Estamos em um ano pré-eleitoral. A governadora é candidata. Evidente que tem muita gente contra a governadora.
“No atual sistema eleitoral, ano sim e ano não é pré-eleitoral. O que resta é o próprio ano de eleições. Portanto, difícil “escolher” outra data para apurar, com isenção, fatos que dizem respeito à desvio de dinheiro público, envolvendo, por exemplo, parentes de políticos.
A Justiça faz sua parte e parte da imprensa a dela.
Sobre o proprietário da empresa Lider – um dos acusados de pagar propina a Lauro – o filho da governadora respondeu: Que conhecia, mas não tinha negócio com ele. “Conheço o sócio dele que é primo do Senador José Agripino“. Quem falou em politizar a discussão aí? O detalhe é que o referido sócio é primo de José Agripino e do próprio Lauro. São da mesma família Maia, afinal.
Ilações é outra palavra muito utilizada na entrevista. Se ilação é tudo que resulta de um raciocício lógico, convém não agredir a inteligência alheia. Sim, as gravações existem e falam num chefe, no homem lá de cima, no dono dos porcos. Se essa pessoa não é Lauro, ótimo. Quem será? Mais.
Se não é ele, quem para ter tanto poder de fazer as coisas fluirem, pagamentos acontecerem se não tinham qualquer ligação com quem de direito? É isso que o Ministério Público e a Justiça Federal querem e vão responder à sociedade do Rio Grande do Norte. A imprensa repercute os acontecimentos e o último foi o de que o Juiz Federal Mario Jambo encontrou indícios de sua ligação à operação criminosa.
Se a inocência será provada também deverá ser repercutida e divulgada. Por enquanto, ainda não aconteceu.
FONTE: Blog Território Livre
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