RADIO SABORES DA SERRA

28 de agosto de 2007

Odilon de Oliveira, juiz federal, esse merece o nosso aplauso 'Um Juiz '

Odilon de Oliveira, de 56 anos, estende o colchonete no piso frio da
sala, puxa o edredom e prepara-se para dormir ali mesmo, no chão, sob a
vigilância de sete agentes federais fortemente armados. Oliveira é juiz
federal em Ponta Porã, cidade de Mato Grosso do Sul na fronteira com o
Paraguai e, jurado de morte pelo crime organizado, está morando no fórum da
cidade. Só sai quando extremamente necessário, sob forte escolta.Em um
ano, o juiz condenou 114 traficantes a penas, somadas, de 919 anos e 6
meses de cadeia, e ainda confiscou seus bens. Como os que pôs atrás das
grades, ele perdeu a liberdade. 'A única diferença é que tenho a chave da
minha prisão.' Traficantes brasileiros que agem no Paraguai se dispõem a
pagar US$ 300 mil para vê-lo morto. Desde junho do ano passado, quando o
juiz assumiu a vara de Ponta Porã, porta de entrada da cocaína e da maconha
distribuídas em grande parte do País, as organizações criminosas tiveram
muitas baixas. Nos últimos 12 meses, sua vara foi a que mais condenou
traficantes no País. Oliveira confiscou ainda 12 fazendas, num total de
12.832 hectares, 3 mansões - uma, em Ponta Porã, avaliada em R$ 5,8 milhões
- 3 apartamentos, 3 casas, dezenas de veículos e 3 aviões, tudo comprado
com dinheiro das drogas. Por meio de telefonemas, cartas anônimas e avisos
mandados por presos, Oliveira soube que estavam dispostos a comprar sua
morte. 'Os agentes descobriram planos para me matar, inicialmente com
oferta de US$100 mil.' No dia 26 de junho, o
jornal paraguaio Lá Nación informou que a cotação do juiz no mercado do
crime encomendado havia subido para US$ 300 mil. 'Estou valorizado',
brincou. Ele recebeu um carro com blindagem para tiros de fuzil AR-15 e
passou a andar escoltado. Para preservar a família, mudou-se para o quartel
do Exército e em seguida para um hotel. Há duas semanas, decidiu
transformar o prédio do Fórum Federal em casa. 'No hotel, a escolta chamava
muito a atenção e dava despesa para a PF.' É o único caso de juiz que vive
confinado no Brasil. A sala de despachos de Oliveira virou quarto de
dormir. No armário de madeira, antes abarrotado de processos, estão
colchonete, roupas de cama e objetos de uso pessoal. O banheiro privativo
ganhou chuveiro. A família - mulher, filho e duas filhas, que ia mudar para
Ponta Porã, teve de continuar em Campo Grande. O juiz só vai para casa a
cada 15 dias, com seguranças. Oliveira teve de abrir mão dos restaurantes e
almoça um marmitex, comprado em locais estratégicos, porque o juiz já foi
ameaçado de envenenamento. O jantar é feito ali mesmo. Entre um processo e
outro, toma um suco ou come uma fruta.'Sozinho, não me arrisco a sair nem
na calçada.' Uma sala de audiências virou dormitório, com três beliches e
televisão. Quando o juiz precisa cortar o cabelo, veste colete à prova de
bala e sai com a escolta. 'Estou aqui há um ano e nem conheço a cidade.' Na
última ida a um shopping, foi abordado por um traficante. Os agentes
tiveram de intervir. Hora extra. Azar do tráfico que o juiz tenha de ficar
recluso. Acostumado a deitar cedo e levantar de madrugada, ele preenche o
tempo com trabalho. De seu 'bunker', auxiliado por funcionários que
trabalham até alta noite, vai disparando sentenças. Como a que condenou o
mega traficante Erineu Domingos Soligo, o Pingo, a 26 anos e 4 meses de
reclusão, mais multa de R$ 285 mil e o confisco de R$ 2,4 milhões
resultantes de lavagem de dinheiro, além da perda de duas fazendas, dois
terrenos e todo o gado. Carlos Pavão Espíndola foi condenado a 10 anos de
prisão e multa de R$ 28,6 mil. Os irmãos Leon e Laércio Araújo de Oliveira,
condenados respectivamente a 21 anos de reclusão e multa de R$78,5 mil e 16
anos de reclusão, mais multa de R$56 mil, perderam três fazendas. O mega
traficante Carlos Alberto da Silva Duro pegou 11 anos, multa de R$ 82,3 mil
e perdeu R$ 733 mil, três terrenos e uma caminhonete. Aldo José Marques
Brandão pegou 27 anos, mais multa de R$ 272 mil, e teve confiscados R$ 875
mil e uma fazenda. Doze réus foram extraditados do Paraguai a pedido do
juiz, inclusive o 'rei da soja' no país vizinho, Odacir Antonio Dametto, e
Sandro Mendonça do Nascimento, braço direito do traficante Luiz Fernando da
Costa, o
Fernandinho Beira-Mar. 'As autoridades paraguaias passaram a colaborar
porque estão vendo os criminosos serem condenados.' O juiz não se intimida
com as ameaças e não se rende a apelos da família, que quer vê-lo longe
desse barril de pólvora. Ele é titular de uma vara em Campo Grande e
poderia ser transferido, mas acha 'dever de ofício' enfrentar o
narcotráfico. 'Quem traz mais danos à sociedade é mega traficante. Não
posso ignorar isso e prender só mulas (pequenos traficantes) em troca de
dormir tranqüilo e andar sem segurança.

ESSE JUIZ MERECE NOSSOS APLAUSOS!
POR ACASO A MÍDIA NOTICIOU ESSA BRAVURA QUE O BRASIL PRECISA SABER? POR
FAVOR, FAÇA A SUA PARTE! DIVULGUE O MÁXIMO QUE PUDER!

Tiago Canuto Maniçoba/E-P-RNCE/Petrobras

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