RADIO SABORES DA SERRA

20 de junho de 2008

TREs vão analisar políticos de ficha suja

Os presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) dos 27 Estados da Federação decidiram, ontem, manter a orientação para que se aumente o rigor na hora de analisar o pedido de registro de candidatura de políticos com a 'ficha suja'. A decisão vai de encontro ao que foi deliberado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quanto ao direito de políticos que respondem a processos serem candidatos. A decisão do TSE, por quatro votos contra três, que o político tem direito de continuar se candidatando, mesmo que responda a processos na Justiça. O entendimento da corte é que prevalece a regra constitucional da presunção da inocência. O acusado é considerado inocente até que tenha sido condenado em última instância. "Não será pela decisão do TSE que vamos arrefecer na defesa da moralidade pública", afirmou o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte, desembargador Cláudio Santos. Ele participou do 41º Encontro do Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais, da qual é presidente. O evento prossegue até hoje, no Rio de Janeiro. Durante a abertura do evento foi aprovado o entendimento de todos os presidentes de TREs. A orientação é para que os juízes eleitorais sejam rigorosos com os candidatos que tem a ficha suja, independente do processo ter sido ou não julgado em última instância. Alguns presidentes de TREs aproveitara o encontro para testemunhar que a população tem parabenizado a Justiça Eleitoral, por estar liderando a cruzada pela moralização da política. A assessoria de imprensa do TRE-RN informou que as pessoas vêm pedindo para que os políticos corruptos não sejam mais candidatos.Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do TRE do Rio de Janeiro, desembargador Roberto Wider, o tribunal fluminense vai rejeitar todos os registros de candidaturas de políticos que tenham a ficha criminal comprometida. O magistrado deixou claro que o candidato poderá até recorrer ao TSE e reconquistar o direito de se candidatar. "Nesse caso, o eleitor já estará alertado sobre a situação do candidato. Caberá apenas a ele decidir", afirmou. Wilder disse que os juízes eleitorais terão bom senso na hora de analisar a vida pregressa dos candidatos. Caberá ao juiz, em primeira instância, avaliar se o crime ao qual o candidato responde judicialmente é suficiente para comprometer sua vida pública. Ele citou o exemplo de um acidente simples de trânsito, para mostrar um caso que não teria influência na avaliação, e o de desvio de recursos públicos, furto e homicídio, como casos que justificariam a negativa do registro. O desembargador reconheceu que não existe uma lei específica que defina esses critérios para impugnação de uma candidatura. No entanto, Wilder alertou que a Justiça não pode se eximir da responsabilidade. Ele afirmou que o Judiciário deve se basear no princípio da moralidade da administração pública, que é garantido pela Constituição.Cláudio Santos reafirmou também na Agência Brasil, que é favorável a atuação da Justiça para tornar candidatos inelegíveis, a partir da avaliação da vida pregressa. No entanto, ele se mostrou contra uma outra corrente que vem ganhando força na Justiça Eleitoral, que é a da divulgação dos processos que correm contra os candidatos. Um dos líderes dessa corrente que prega a divulgação dos processos que correm contra os candidatos, é o próprio presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto. Ontem, Britto afirmou que está estudando uma forma de viabilizar essa divulgação. Para Cláudio Santos, esse papel não caberia à Justiça Eleitoral, mas sim aos partidos políticos e à sociedade civil.

FONTE: Jornal DeFato

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