RADIO SABORES DA SERRA

20 de março de 2007

Educação e gorjeta

Publico aqui o comentário do jornalista Woden Madruga, do Diário de Natal, sobre o "novo" projeto de educação do governo Lula:

O governo deve enviar ao Congresso, até o final do mês, o projeto de lei que prevê o piso salarial nacional para os professores dos ensinos Fundamental e Médio. A notícia saiu do gabinete do ministro da Educação, Fernando Haddad, depois que ele participou do programa Café com o Presidente. O presidente nessa história é o próprio Lula. O piso salarial prometido pelo governo é a merreca de 800 reais. Por um pouco mais do que isso, os soldados e cabos da Polícia do Rio Grande do Norte entraram em greve, foram presos e podem ser expulsosCom 800 reais o governo Lula espera, usando uma das palavras da moda, “alavancar” a Educação no Brasil, que é um setor - todo mundo está sabendo, até o presidente - em que o nosso país aparece na rabada da rabada do mundo.O que uma professora pode fazer com 800 reais de salário por mês? Começando, não pode pagar nem uma faxineira para cuidar da casa, enquanto ela cuida de educar as crianças dos outros nas salas de aula. É outra marola de Brasília. Outro papo furado para encher a lingüiça da mídia e os discursos de palanque. Confira o que o presidente Lula disse num desses últimos seus discursos:- Nós temos que ajudar os professores brasileiros a se reciclarem. Com o piso dos professores, a gente, certamente, vai melhorar o nível e a vontade deles de participar”.Vai nada. O que é que o presidente Lula quis dizer com “ajudar o professor a se reciclar”? Para começo de conversa, salário não é ajuda. Salário é o pagamento justo, correto pelo trabalho executado por alguém. Pelo motorista do ônibus, pelo médico do Pronto Socorro, pela empregada doméstica, pelo tratorista, pelo jornalista, pelo servidor público, seja civil ou militar. Não é ajuda. Ajuda é favor, é auxílio, é gorjeta. E não é com gorjeta que se fará uma “revolução na educação do Brasil”, como anunciam os prebostes de Brasília.Se Lula pretende com seriedade atacar a questão da Educação, o primeiro passo é remunerar bem, com dignidade, o professor do ensino Fundamental, principalmente essa categoria, pois são esses professores os abridores de veredas, os que vão “desarnar” a garotada, apontando o futuro de cada. Atualmente esse pessoal percebe, na sua grande maioria, um pouco mais do salário mínimo. Duas vezes menos o que fatura por mês um flanelinha totalmente analfabeto. Ou quase. Sem carteira assinada, sem salário-fixo, sem piso salarial. Sem maiores compromissos com a sociedade. Até porque a sociedade tambem lhe nega tudo, inclusive lhe negou a educação.

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