RADIO SABORES DA SERRA

22 de março de 2007

Simom x Collor

Ontem tive o prazer de assistir um dos melhores debates que já vi na TV Senado. Não significa que isso é algo normal naquela casa. Ele destacou-se pela ausência de outros da mesma magnitude. De um lado, o senador Pedro Simom – PMDB/RS. Do outro, o senador Fernando Collor de Melo – PTB/AL. Tudo começou por conta do discurso do senador Pedro Simom defendo o comportamento da CPMI que cassou os direitos políticos do ex-presidente Collor. Dias anteriores o Collor em seu discurso de volta a vida a pública, foi bastante crítico ao comportamento dos membros daquela CPMI. Collor chegou a chamar a mesma de falsa e mentirosa.


Pedro Simom, ex-integrante da CPMI, disse que ficou surpreso com o comportamento do Senado diante do brilhante discurso do senador Collor. “Parecia que ele era o Papa, ironizou Pedro Simom.” O senador do Gaúcho disse que não podia aceitar que aquela comissão tivesse o seu papel desvirtuado pelo discurso do senador Collor. Foi o suficiente para o senador alagoano pedir um aparte e dizer que a mais alta corte do Brasil, o tinha absolvido por falta de provas. Simom não se deu por satisfeito e disse que o Supremo é, infelizmente, uma instituição “engavetadora” de processos (com toda razão!). Para justificar tal afirmação, o senador fez uma analogia aos casos recentes do governo Lula, onde até agora ninguém foi condenado pela representação do judiciário. Simom ainda disse que Collor não foi absolvido. O processo foi arquivado por falta de provas. Coisa que não deveria ter sido feita, segundo o senador que tem mais de 50 anos de advocacia. No entendimento de Simom, se o Supremo não conseguiu encontrar provas, deveria ter voltado o processo para o Ministério Público para que o mesmo, com mais tempo, pudesse formular melhor a denúncia.


Collor, com um tom de voz bem mais suave que no passado, aproveitou a deixa e disparou: “Quando solicitei tempo pra fazer minha defesa a CPMI não me deu. Quando me caluniaram, não deixaram que apresentasse provas. Fui atropelado pela CPMI”. Com isso Collor tentou demonstrar que o senador estava querendo utilizar-se de dois pesos e duas medidas. Simom sorriu e disse: “V. Exª daria um bom advogado. V. Exª joga com os fatos com muita competência. Meus cumprimentos!”.


Depois de mais de uma hora de discursos e apartes, o resultado foi que ninguém saiu vitorioso. Simom conseguiu defender e relembrar o papel importante que a CPMI teve naquele período, apesar da forma ágil e muitas vezes emotiva que eram tomadas as atitudes pelos membros da comissão. Collor abrigou-se na decisão da mais alta corte brasileira, que não encontrou nenhum rastro de ilicitude na denúncia que o MP, através da CPMI lhe atribuía. Consequentemente, Collor não pode ser rotulado de corrupto. O rótulo que o Supremo lhe concedeu foi o de injustiçado. Pois bem.

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