Nunca escondi minha admiração pelo Jornalista Diogo Mainardi (Revista Veja). Polêmico ao extremo, Mainardi coleciona centenas de processos contra sua pessoa. Seus textos amargos, críticos, rancorosos, irônicos e algumas vezes sem nexo, tem despertado a ira de milhares de pessoas e instituições. Resguardado pelo campo de força do grupo Abril – detentora da revista Veja – Mainardi não pára de criar textos polêmicos, sem dar a mínima pra os processos que o atingem. Crítico ferrenho dos governantes do Brasil, Mainardi já declarou que o seu grande objetivo é derrubar o presidente Lula. Depois do que já vimos acontecer nesse país, parece que Mainardi não vai alcançar o seu objetivo.
Minha simpatia pelo jornalista Mainardi não significa aprovação a seus pensamentos. Muitas vezes discordei dos seus textos. O que me interessa é o que eu penso diante do pensamento dele. Me impressiona sua capacidade de despertar o senso crítico das pessoas. Acho isso de extrema importância para um colunista.
Para ilustrar o que falo, colocarei aqui no nosso Blog, o mais recente artigo publicado pelo jornalista na revista Veja. É uma boa leitura para podermos refletir sobre os acontecimentos vividos em nosso sofrido país nos últimos dias. Acompanhe:
Ia ser drástico,
mas ia ser legal
Luana Piovani foi ao Sambódromo. Festejou a noite toda. Depois declarou que se sentia quase culpada por estar se divertindo em meio às notícias sobre o assassinato do menino carioca. Ela até comentou minha coluna da semana passada, em que eu pedia o cancelamento do Carnaval:
– Ia ser drástico, mas ia ser legal.
Nizan Guanaes mandou espalhar cartazes pelo Rio de Janeiro. Os cartazes dizem: "Um garoto de 6 anos foi arrastado cruelmente por 7 km. E aí... Nós não vamos fazer nada?" O publicitário esclareceu o sentido de sua campanha. Para ele, só há uma maneira de acabar com a criminalidade:
– É a sociedade que tem que resolver isso.
Luana Piovani está errada. Nizan Guanaes está errado. Quem tem de se sentir culpado pelo assassinato do menino carioca é o Estado. Quem tem de fazer algo contra a criminalidade é o Estado. Por mais que Luana Piovani e Nizan Guanaes esperneiem, por mais que Kelly Key chore, por mais que a sociedade se mobilize, o Estado continuará a tolerar os criminosos.
Lula sempre foi claro quanto a isso. Em 2003, durante uma onda de atentados do crime organizado, ele afirmou que, em vez de subir os morros à procura dos bandidos, a polícia deveria vasculhar as coberturas das grandes cidades, onde estariam escondidos, segundo ele, "os verdadeiros culpados".
Na época, notei que o próprio Lula era dono de uma cobertura, adquirida de maneira nebulosa alguns anos antes. Para quem se interessar pelo assunto, recomendo as reportagens de Luiz Maklouf Carvalho que tratam dos negócios de Roberto Teixeira com o presidente e com as prefeituras do PT. Mas o fato é outro. O fato é que, para Lula, o pobre que rouba um Corsa nunca poderá ser plenamente responsabilizado por seu crime. O culpado – o verdadeiro culpado – é o proprietário do Corsa.
Os criminosos têm de ser enfrentados com mais policiamento, com mais armas, com mais cadeias, com penas mais duras, com mais tecnologia. O resto é lulice. Quem atribui à sociedade um papel na luta contra o crime só está acobertando o poder público. E o poder público já escolheu seu lado. É o lado de lá. É o lado do inimigo. O que aconteceu nas últimas semanas, desde que o menino carioca foi morto? Os prefeitos se mexeram? Os governadores se mexeram? O presidente se mexeu? Ninguém se mexeu.
Lula já deu seu palpite sobre a maioridade penal. Eu quero saber o que ele pensa a respeito de algo mais prático, mais elementar, como o uso de tornozeleiras eletrônicas. É bom? É ruim? Outro exemplo: 30% da cocaína que passa pelo Brasil vem da Bolívia. Nós acabamos de dar um monte de dinheiro aos bolivianos: 100 milhões de dólares ao ano. O que Lula acha de exigir uma contrapartida de Evo Morales, condicionando a esmola da Petrobras à luta contra os produtores de droga?
Ia ser drástico, mas ia ser legal.
11 comentários:
Eu também gosto de ler a coluna de Diogo Mainardi,ele é "curto e grosso",simplifica a manchete de toda a revista VEJA,na sua pequena coluna.E quanto a violência que impera no país,pela impunidade e/ou tantas outras causas;o que resta a nós pobres mortais?rezar para não acontecer com os nossos familiares e amigos.
Eu fico revoltado quando vejo o Lula comentar sobre esse assunto. Como pode um cara que se diz Presidente da Repúlblica Federativa Brasileira diante de uma realidade tão cruel como a que estamos vivendo, o cara diz que "não devemos decidir nada sobre fortes emoções"?, que espécie de presidente é esse? como diria Alexandre Garcia, "ele não consegue perceber que não se trata mais de emoção, e sim de comoção"
E rezar pra um santo forte, e olhe que nunca ouvi falar de santo a prova de bala não...
Por aqui tbm temos uma versão menos refinada de diogo mainardi, o misterioso frederico evandro, esse tbm naum tem papa na lingua
Sem muita coisa a mais pra acrescentar, onildo já disse tudo, muito bom mesmo o comentário!
Acompanho semanalmente a coluna do jornalista Diogo Mainardi na revista Veja, e fico contente por existir profissionais na imprensa brasileira que têm a coragem de denunciar as maracutaias que existem na política nacional, a exemplo dos comentários que faz sobre os fatos reais de corrupção em nosso País. Polêmica à parte, quero só parabenizar este profissional que bota a cara para bater. Continue assim e que isso possa servir de exemplo para alguns que se dizem da imprensa aqui em Upanema e mesmo convivendo de saco roxo com os chutes que o prefeito tem dado, não comentam nada em seus espaços...
Só pra acrescentar, Diogo Mainardi publicou também alguns romances “cheios de mistérios e embombações” como ele mesmo descreveu sua obra no anuncio em sua coluna na Veja de que não escreveria mais ficção. Publicou quatro livros, dos quais tive o prazer de ler dois, em Malthus, Arquipélago, Polígono das Secas e Contra o Brasil; observamos a tradição que vem dos clássicos de Voltaire e Jonathan Swift, no século XVIII, e chega até os pós-modernismos do americano Thomas Pynchon (outro autor cheio de mistérios e embombações). Mainardi é um consumado satirista, e como o leitor de sua coluna imagina, o Brasil é escachado metodicamente em suas páginas de ficção. E em seus dois primeiros livros seus alvos são as ilusões complacentes que a espécie humana, seja em que latitude for, gosta de nutrir sobre si própria. Ele vem usando esse tom satírico e crítico em seu espaço da revista semanal pra criticar a “estranha ligação” entre jornalistas e governo, em um movimento batizado por ele próprio de “Tribunal Macartista Mainardiano”; e, no auge de sua fama, é amado por uns, odiado por outros, mas é inegável o fato de que independente da natureza das paixões que o jornalista desperte, as suas polemicas são sempre bem vindas. Em dezembro ele enfatizou que sua “maior diversão é tentar adivinhar a que corrente do lulismo pertence cada jornalista”. Bem, espero que a máxima não sirva pra o jornalista em questão, e torço pra que esse veneno que ele vem destilando há muito tempo, não sirva pra ele se afogar no próprio pote.
Creio também que o debate na realidade devem ser os crimes, e não a idade do animal que o cometeu, claro que essa ótica sendo aplicada para os crimes hediondos, pois seria complicado colocar uma criança de dezesseis anos numa prisão escola, com marginais de todas as espécies, só porque ele robou um biscoito no supermercado pra se alimentar. A respeito da implantação da pena capital no Brasil, acho um negócio muito arriscado, pois com um sistema judiciário que não anda, e com códigos da época de Dom Pedro, não se conseguiria fazer funcionar com isenção o sistema (como já não funciona pra quase nada), e teríamos aberto a porta, talvez sem volta, pra que a pena de morte pudesse deixar de ser exclusividade dos crimes bárbaros e Brasília desse um jeito de aplicá-la também a alguém que incomodassem a quem estar no poder (e do jeito que o PT anda mandando e desmandando, agente fica até com medo). E vale lembrar também que existir a pena de morte não põe medo em quem pretendo cometer um crime, a certeza de que o criminoso será preso e punido é muito mais desestimulante do que a existência de infindáveis recursos processuais para adiar por séculos e séculos amém o desfecho da punição capital. E tendo legisladores incompetentes e descompromissados do tipo de Garibaldi e Agripino para dar carta branca a um judiciário corrupto e dormente pra se tornar ceifador de vidas, estaria nos colocando em um ranking nada memorável: seriamos ao lado de Estados Unidos e Japão as únicas democracias do mundo a aplicar a pena de morte, e isso tem cara de retrocesso. Bem, ao que pude perceber na grande mídia e na conversa com as pessoas nos últimos dias, parece existir um consenso na implantação da cruel punição, motivado pelo clima de comoção deixado pelos acontecimentos das últimas semanas, principalmente no caso do garoto João Hélio, tem deixado as pessoas mais vulneráveis em aceitar uma coisa que sem esse clima induzido pela Globo não aceitariam; então deixo aqui a sugestão de alguns métodos pra se matar um condenado: pode ser por asfixia, na fogueira, por crucificação, por esmagamento, morte por mil cortes, por decapitação (a espada, machado ou guilhotina), por desmembramento, por afogamento, por electrocussão numa cadeira eléctrica, por fuzilamento, numa câmara de gás, na forca, por injecção letal, por lapidação (apedrejamento), por estrangulamento, a roda, e deixando o método do empalamento (que consiste em espetar através do ânus uma estaca, deixando-a penetrar no interior do condenado até a sua morte) por último porque esse seria interessante de aplicar à políticos que nada fazem além de lutar pra seu enriquecimento ilícito.
esse sarça, ou melhor, frederico evandro é mesmo danado.
kkkkkkkkkkkkk
O debate tá muito bom. Gostaria de contribuir com alguma mais coisa.
Estava lendo a coluna do André Petry ( da VEJA), e achei muito interressante o que ele falou a respeito desse assunto. Ele diz que sempre que acontece um crime de grande repercussão no Brasil, entra em cena os "botãozinhos mentais", eles são os primeiros a defenderem o aumento da pena, o "botãozinho mental" quer maior pena para os sequestradores, para os menores e assim por diante. Mas segundo Petry, ( e nisso eu concordo totalmente) o que combate o crime não é o aumento da pena e sim, a certeza da punição.
Mas o que agente ver no Brasil é totalmento contrário, existem leis que foram criadas para dar brexas ao bandido, esse tal de abies-corpos (não sei escrever) é uyma vergonha.
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